quarta-feira, 17 de julho de 2013

O que significa dar um tempo?

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Meninas, pingou no e-mail uma dúvida que me deixo meio assim.
“Oi, João, dúvida cruel: o que é o tempo? Para que serve o tempo? Como agir durante o tempo quando você já sabe que quer continuar com a pessoa?”
Ah, meninas. Eu comia uma bisnaga naquele momento, e comendo a bisnaga, distraído, li o e-mail com o mais filosófico dos cheiros. Fiquei matutando e mastigando se a nossa amiga aí de cima queria que eu explicasse o tempo.
E imaginei que essa seria uma dúvida complicada.
No máximo, eu diria pra ele ler o ótimo “A Visita Cruel do Tempo”, o livro da Jennifer Egan que eu recomendo como companhia para o inverno que vem chegando. No Brasil, ganhou este nome lindo, muito melhor que o original (“A Visit from the Goon Squad”).
Enfim, eu ia enrolar alguma resposta por aí.
Mas daí eu encerrei minha bisnaguinha e tudo ficou mais claro: a leitora quer saber por que a gente dá um tempo no amor, no namoro.
E eu vou dizer sem perder tempo: porque a gente tem medo.
Porque a gente tem medo de tomar decisão.
Porque a gente vê no amor posse, e é tão difícil doar as coisas, deixar ir, jogar fora o que foi precioso e hoje faz mal.
Claro, há sempre exceções e complicações. Cada caso é quinhentos casos.
Mas, eu disse e eu repito, sem perder tempo: a gente pede tempo, em geral, quando tá com medo de deixar ir.

A amiga leitora aí de cima não explicou nada além do que escreveu e do que reproduzi ali no alto. Mas sejamos claríssimo: você quer, ele não quer.
Se ele pediu tempo, ele tá enrolando. Há poucos casos em que um tempo se faz necessário. E quase sempre ele envolve histórias complicadas de impossibilidades. Mas vamos ficar na banalidade da média. E nessa banalidade média, pedir tempo em geral surge como mecanismo pra esconder a frouxa decisão de um casal que esfriou.
Desculpa mais do que esfarrapada pra que os dois tenham tempo de pensar, de enrolar. No fim, é adiar o inevitável. Picar um drible indesejado para as gente românticas: a morte do amor.
Não vai dar certo.
Pula fora. Não passe o pires diante do outro. É empurrar a dor. É buscar motivo pra ter raiva. É confirmar o que você já teme. Não esquece: relacionamento não dar certo é da vida, é normal, é pra ser assim. Se dar certo desse certo toda hora, dar certo não seria o certo. Não seria alegria. Seria só comum.

O amor não é comum.
E meninas, o tempo é cruel. Melhor dizendo, o tempo é nada. O que é o tempo? O tempo é isso aí. É um negócio “sei lá, entende”. Só sei que ele passa e que viver a boa vida é viver a vida que dói menos e que causa menos dor no outro. Sem enrolações, sem mendigar amor:pedir um tempo é um esboço de fim.
Quem vive de esboço, não vive.
Viva, meu doce. Viva.


  • J. ANTÔNIO

    Meu nome é J. Antonio e sou um amador. Jogador de futebol amador, jornalista amador e poeta amador. Frequento duas academias: a de Letras e a do bairro. Na última, convivo e suo ao lado de halteres e halterofilistas amadores. E ao lado de meninas, que brincam de fuzilar gordurinhas, todas lindinhas, molhadas e com calça fusô (minha leitora: é 'fusô' ou 'fuseau' o nome da calça? Eu tenho essa dúvida). Mas dizia que sou poeta e malhador. Aos fins de semana, gosto de correr e comer. Sou bruto e macho, mas sensível. Choro escondido – e ó, se um amigo me perguntar, eu nego. Eu nego! Mas sim. Quando a coisa aperta, quando a vergonha afrouxa, ou quando uma de vocês, mulheres, me machuca, eu choro. É assim desde que nasci. Há 30 anos.

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