terça-feira, 15 de abril de 2014

Decepção

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Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas
“Terminei meu namoro por atitudes que racionalmente não estavam me fazendo bem. Descobri, logo em seguida, que minha namorada já estava com outra pessoa. Assim foi fácil pra ela terminar!!! Fui verificar e soube que há 6 meses ela estava saindo com um rapaz da faculdade. Hoje a quero mais por amor próprio. Não merecia isso, ninguém merece. Só que eu gosto dela e estou sofrendo muito. Fico abafado e não acho um caminho para esquecê-la. Roberto de Belo Horizonte.”



Não é possível a qualquer um de nós atravessar a existência sem perdas, abandonos, traições e desilusões. O envelhecimento, a doença, a morte, a perda acontecerá a todos nós, devido às circunstâncias humanas, que são de limites, contingências e imperfeições. Somos ensinados a gastar uma enorme energia para evitar o inevitável e pouco investimos no aprendizado de como lidar com os infortúnios. Independentemente do reconhecimento da “injustiça” a que o leitor acima foi submetido, das análises generosas a seu favor, o fato é que o que aconteceu, aconteceu.
A liberdade, o querer, a autonomia da pessoa humana, marca indelével da nossa constituição é, há um tempo, raiz de intenso prazer e, por vezes, fonte de dor e sofrimento. Sartre dizia: “- Meu inferno é o outro.” Resta a todos nós o dever e a incumbência de lidar com fenômeno da contrariedade. Muitas e muitas vezes o mundo acontecerá diferente do nosso desejo e a capacidade de atravessar nossa dor será uma salvação. Não perder não é possível. Ultrapassar a perda é possível. Isso vai nos exigir, primeiramente, muita paciência.
Consentir no sofrimento, no choro, no abafamento, na raiva, no ressentimento é o primeiro passo. Expressar esses sentimentos para si mesmo e para os íntimos é o segundo caminho. Elaborar a realidade humana é o terceiro portal. O que é, é. Ser feliz é trilhar a trajetória da dor. A noite só escurece até a meia noite. Depois, começa a clarear. Consente no seu sofrimento e aguarde o tempo da esperança. Seu coração se abrirá a novas oportunidades, à clareza da realidade e você verá com certeza, que o mundo, independentemente de sua ex-noiva e de seus comportamentos, está convidando-o às mudanças e à alegria.
Somos muito ansiosos e muito controladores. Queremos, com pressa, que as coisas sejam como nós queremos que elas sejam. Não são as circunstâncias que nos fazem infelizes, mas como lidamos com essas circunstâncias. Nas mesmas circunstâncias uns são felizes e outros infelizes.
Dizer que é bom ser traído, ser injustiçado, ser desprezado é fugir ao real. Permanecer, porém, nesse avassalador patamar de comodidade é não resolver o problema. A vida é infinita, ao mesmo tempo em que é relativa. È um convite à travessia. Sofra tudo a que você tem direito, não rejeite nada, mas saiba que, além de todas as vicissitudes, há um amanhecer esperando por você. Essa reação de persistência, essa teimosia de que a única pessoa digna de ser amada e de amar é sua ex-noiva, atrasa o caminhar para novos horizontes. Nada é fixo. A natureza do mundo é a flexibilidade. São as amorosas possibilidades. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará.” (Lulu Santos).
Se o coração se abrir, apesar do sofrimento normal e natural, estaremos diante do desconhecido e do inesperado. E descobriremos o verdadeiro mundo humano, onde as coisas e os fatos acontecerão, não na ordem que nos desejaríamos, mas na ordem das possibilidades.
E, com sabedoria, as aproveitaremos com a visão finalística de sermos felizes, único mandamento da vida. O que passou, passou e não volta nunca mais, mesmo porque:
“Hoje é o primeiro dia do resto nossas vidas.”

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